28 junho 2007

CORRIDA

No dia em que eu que eu nasci não soaram trombetas, e sim um estampido alto me avisando que a corrida acabava de começar, então eu chorei porque por não poder correr mais rápido que o tempo, depois de alguns meses notei que não estava tão longe dele assim, logo comecei a andar, e a vida foi passando, o tempo correndo e eu atrás tentando pegá-lo, com a inocência das crianças que estão dormindo, aos meus seis anos começaram os obstáculos, eu tinha que aprender tudo muito rápido, se não o tempo me deixava para traz, era isso que me falavam e eu animalzinho ainda não domesticado, aceitava essa verdade tentando me encaixar dentro nessa famigerada sociedade, mas o verdadeiro atraso foi mais ou menos aos doze anos, eu tropecei, cai de forma tão cinematográfica que renderia até uma cena, com direito a slow motion, e fiz cena, gritei, xinguei, bati e chorei, e o tempo parou de correr, deu-se um pouco para mim, ajudou-me a levantar e continuar a corrida, agradeci e enquanto limpava a sujeira das minhas roupas, ele disparou novamente e o persegui já sabendo competir.

Corri com sorriso no rosto mais uns dois ou três anos, logo como me disseram estava na pior fase, eu de animalzinho, me tornei um pequeno monstrinho da sociedade, rebelde, fiz birra e parei de correr, sentei numa pedra, o tempo voltou, eu de cara fechada discuti com ele, ele tentou argumentar, não lhe dei chance de terminar, então começou a rodar em volta da pedra e eu ali sentado, simplesmente vendo-o passar, fazendo voltas em torno de uma pedra com um monstrinho a observar, e o tempo é esperto, de tanto velo passar, fiquei entediado, e quando ele passou para parte de traz da pedra dei um salto e corri a frente do meu tempo, mas ele me alcançou pois o tempo é rápido e não fica para trás, então eu sorri, e ele sorriu e começamos a correr juntos.

Às vezes ele faz graça e me deixa um pouco para trás, mas se eu correr mais, sempre terei tempo, depois de tanto brigar eu e o tempo ficamos amigos, e tem vezes que estamos cansados de tanto correr, vencer e conquistar tantas coisas, ai dou um tempo ao tempo, dando um tempo pra mim mesmo.

Agora quando paramos aprendo muito com o tempo, por que o tempo é poeta também, ele que escreve tudo que passa, leva com sigo, um grande caderno chamado memória, e depois de ficarmos muito amigos sempre levo comigo boas histórias.

JOTA “Apostando no tempo”
FABULAS: Meu estranho, Mundo estranho.

1 comentários:

mais uma vez...
amei sua carta!

;*

meninadebaunilha.blogspot.com

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