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Ave César

Poema. (Imagem: Batman the Dark Knight)

Ambivalente

Poema. (Escultura: João Duarte)

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#116

Nocões de Viagens

Dedicatórias. (Foto: Marino Thorlacius)

24 março 2007

Reencontro

Qual manifesto ideal que diria?
Por semanas pensei qual seria
Uma indagação, exclamação?
Balbucio sem expressão.


Lapso de anos atrás, reencontro.
Por noites perturbei-me deitado.
Em qual capitulo do seriado,
Que eu seria bem-aventurado.


Esperei cada segundo para verte
Vertente pelos dias inconstante
Nostálgica paixão semelhante
A dor que carreguei no semblante.


Sussurrar com meticulosidade:
-Senti saudades-
Simples de mais, prosaico.
Sem necessidade, muito fraco.


Convicto rasgar o âmnio:
-Sempre quis dizer, Eu te amo!-
Muito pouco natural
Extrema debilidade emocional.


Agora quando olhei nos seus olhos.
Não melancólico, surgiu um abraço.
E melhor que um manifesto pensado.
Soltei um suspiro aliviado.

JOTA "Me abraça, e conta um sonho"
AS MIL POESIAS,

22 março 2007

CASULO

“Tem dias que você preferia não ter acordado, não pelo fato dele ter sido ruim, simplesmente por haver um desassossego dentro de você, o café parece que estar meio fraco ou muito forte você fica cansado de comer coisas que sempre gostou, e de cinco e cinco minutos para pra pensar que ainda não sabe quem você é realmente e se sabe acha que te enganaram, algumas crises de personalidade aqui, outras ali.
Foi assim que fiquei há quase duas semanas atrás, como dito nos meus textos anteriores, um tanto quanto sozinho, sem causa ou motivo especifico.”

Naquele dia eu saia de uma maçante jornada de trabalho, olhei para o mundo e ele parecia preto e branco, como disse um poeta amigo, passei pela praça de uma escola na qual eu estudei há alguns anos atrás e todos pareciam ter tons de cinza, estranhei afinal no fundo eu sabia que quem estava preto e branco não era ninguém além de mim, cheguei em casa e coloquei as mãos nas bordas de um espelho e me senti velho acabado, talvez isso devesse ser o que todos chamam de crise dos vinte, um tanto quanto estranho, parei por algum tempo com o olhar perdido ao longe, e comecei a meditar, e esse desassossego não deixou meu interior, tem horas que a solidão é tão forte que você a trocaria por qualquer companhia chata e hipócrita, que pode surgir, resisti pensei em ligar para uma menina singela que vem conseguindo chamar minha atenção e curiosidade, com seu jeito meigo e suave. Mas optei por não fazê-lo afinal a companhia dela não chegava nem perto de ser chata e hipócrita, então resisti.

Mergulhei na minha solidão e flutuei na angustia, dor e introspecção no qual me encontrava, acordei hoje, e havia algo de diferente, peguei e me olhei no espelho, na havia mais um fio de cabelo na minha cabeça eu n lugar do meu Coturno vestia um All Star de couro e sobre a cabeceira da minha cama permanecia uma jaqueta e minha companheira, a boina. Abri meu guarda-roupa e pequei uma camisa branca social, vesti fui até o banheiro e escovei meus dentes apreciando minha falta de cabelo, a estética tinha ficado pra trás, já a algum tempo, mais isso me fazia refletir sobre a opinião das outras pessoas, pra variar não cheguei a lugar algum, pensei comigo mesmo ao menos, não acordei e era uma barata.

Coloquei a jaqueta e parti para te encontrar, ainda não tenho idéia de qualquer reação sua, não sei ao certo, mas acordei me sentindo um sobrevivente de uma metamorfose extremamente necessária, como uma borboleta que sonhava que era sábio, ou um sábio que sonhou ser borboleta.

JOTA “Borboleta ou Sábio”
CAMINHOS DA MADRUGADA,

13 março 2007

PENSAMENTO III

-Não quero dizer o que é certo ou errado, não sou um pastor.
-Só quero falar o que eu acho, sou um artista, talvez um profeta!?

JOTA "Reis"
ENTREVISTA (His Fate Was Sealed)

COMPANHIA ERMA I

Bizarra, essa era a palavra da noite, apesar de não ter acontecido nada fora do comum, acho que isso que a tornava ainda mais bizarra, e talvez até desse sentido a essa palavra.
Peguei-me subindo as escadas vagarosamente, com o pensamento vago sobre o sentido desse meu caminho e o destino, não tinha a menor idéia do por que estava com aquela sensação estranha. O sentido para o qual eu caminhava e o destino era vê-la, ficar ao lado dela, conversarmos, e em algum ponto em que as palavras não se faziam mais necessárias, nos beijaríamos, mas a solidão se fazia presente de tal forma em minha alma que lutei diversas vezes para não voltar casa e trabalhar em algum texto vagarosamente e um pouco vago.
Estava em silencio, comigo mesmo, cheguei à entrada do bar e ela estava sentada em uma mesa virada de costas pra mim, aquela era minha ultima chance, afinal ela ainda não tinha me visto, e minha mente traquinava uma surpresa chegando por trás e tampando seus olhos, mais alguma sensação como já dita antes, bizarra de ficar sozinho me motivava a não entrar naquele bar.
Quando a minha bifurcação de caminhos foi levada por pela minha amiga cantora tímida de voz alta e presente gritando meu nome, e impondo uma aproximação no mínimo constrangedora diante da platéia que agora fixava o olhar em mim, enquanto eu me aproximava da sua mesa, a qual ela, ainda estava sentada de costas.
Passei e sentei na outra ponta praticamente de frente para ela, que me olhou com um cara já esperada, uma mistura de surpresa e felicidade, talvez mais surpresa, que caiam tão bem no seu olhar choroso e em seu sorriso singelo e lindo, que involuntariamente, arrancaram-me um sorriso quando nossos olhares se cruzaram.
Tomei um gole da cerveja dela, agora já estava sentado ao seu lado e conversávamos, eu falava muito pouco involuntariamente, poucas vezes desde minha adolescência tomava aquela atitude defensiva, em relação a uma pessoa, com a qual eu não conseguia esperar mais o momento em que as palavras não se fariam mais necessárias.
Era como se estivesse preso dentro de um casulo, em uma metamorfose que duraria um tempo indeterminado, tudo que eu tinha que fazer era esperar, só esperar calmo e quieto preso a algum lugar tranqüilo, mas lutando contra isso com o apoio dos meus desejos e vontades, eu arrastava aquele casulo para bares e o colocava na presença de pessoas que poderiam se sentir ofendidas diante a minha falta de ação e total introspecção na qual eu me encontrava.


Continua...

JOTA, “Vida é feita de Encontros”
PLATÔNICOS,

06 março 2007

A Eterna

Moribundo no leito do nosocômio
Sendo nostálgico, narrando sua juventude.
Passantes há pensar mandá-lo ao manicômio
Arcaica voz afônica, sem plenitude.


Arauto da paz sepulcral, anjo celeste.
Pousa perto daquele que se mete
Entre lembranças, ausência de seu amor.
Mas na solidão de saber, sábio como cinza.


Mesmo sabendo que o fim se aproxima
Arpeja desarmônico á vinda celestina
Que o levasse para longe das dores
Não dores das moléstias que o assolam


Mas do terrível mal da saudade
Que com o passar de tua idade
Apenas lavrou a esperança dispersa
E implorou que deixasse única coisa


Única lembrança, de revela ainda me resta esperança.
As únicas coisas que o consolavam a vida
Que não fosse desperdiçada e esquecida
Como quem vive sem amar, deixasse essa lembrança.


Em sua beleza divina e altiva
Concordou e em resumida explicativa
Disse com clamor imponente
-Tu homem conheceste o amor verdadeiramente.

-E de todos os pecados e tormentos,
Não haveria paixões e nem argumentos
Que permitisse a ti tal reminiscência
Mas o amor verdadeiro lhe indica uma saída.


Pois então aceito, amigo celestial.
Disse o homem sem saber ao certo.
-Tu morrerás e renascerás com tal lembrança
Não saberás de onde vem nostálgico amor.


-O alivio para tua alma será a pena
E o preço de tua chance será a sina.
Que sinos dobrem, o que o amor profeta.
Pois tu nascerás poeta.

JOTA “Saudade do que nunca existiu”
AS MIL POESIAS,

03 março 2007

PENSAMENTO II

Quando você diz B, ea pessoa com a qual conversa diz C, vai ser uma conversa interessante.
Se você fala B, e a pessoa diz B, tudo bem, ela está aprendendo.
Mas se você fala B, e a pessoa diz A, essa não aprendeu nem o alfabeto ainda.

JOTA "Ensinando ABC"
CADERNO JOTA,

MONÓLOGO I

-Não, eu sei que estou errado, mas não vou me desculpar.

Com os olhos negros pintados de forma exagerada, cabelo curto e despenteado, JOTA levou a mão até o bolso da camisa branca.

-Não sei se você lembra, mas é por isso que você me ama, porque eu nunca me arrependo, porque quando eu te conheci, te puxei pelo braço e falei que a festa estava chata, se você não queria dar uma volta.

Retirou um maço de cigarros e um isqueiro.

-Você sorriu para mim e mostrou a aliança de namoro, falou que estava chovendo lá fora, eu disse que já sabia dessas duas coisas e repeti a pergunta, e você veio comigo.

Diferente de todas as pessoas ele não mantinha a cabeça baixa como forma de redenção, puxou um cigarro e colocou entre os dedos, guardou o maço e ficou com o isqueiro na outra mão.

-Nós corremos na chuva, e eu te falei que não esperasse que eu salvasse o mundo, te disse que eu era nada mais que um revolucionário, um revolucionário sem causa, porque para mim o mundo não estava bom, e não me interessava como ia ficar.

Acendeu um cigarro e tragou de forma peculiar, encostou a nuca na parede do quarto e pegou a garrafa de vinho barato que dava um toque ainda mais familiar à cena.

-Eu disse que te amava, você sabia que era verdade, naquele momento era minha única verdade, você sempre soube que eu nunca minto, apenas mudo, e minha opinião muda, minha verdade muda, mas nunca te disse algo que não estava sentindo, confesso eu nunca menti para você.

Deu um gole de forma tão imperceptível que o clima tenso da conversa nem chegou a oscilar.

-Eu sei que um dia você vai embora, espero que demore muito e principalmente que não seja hoje, porque eu te amo, mas você vai partir um dia, e vai voltar um tempo depois e eu ainda te amarei, mais você partirá novamente, e eu não vou morrer de amor esperando que você volte por mais um dia, e você voltará.

Sem qualquer expressão de tristeza, uma lagrima escorreu do rosto dele, e secou antes de tocar o chão.

-Essa é minha sina, nós mudaremos, mais ainda nos amaremos pelo que fomos, por um passado eterno, então não fique com ciúmes de mim, por favor, porque um dia você vai embora, como ela foi.

JOTA “Arrependimento Mata”
CAMINHOS DA MADRUGADA,

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