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Jaz

Ave César

Poema. (Imagem: Batman the Dark Knight)

Ambivalente

Poema. (Escultura: João Duarte)

Post

#116

Nocões de Viagens

Dedicatórias. (Foto: Marino Thorlacius)

11 dezembro 2007

Rodoviária II

Respirei fundo aquele ar de savana de pedra em pleno verão, triste e desértica a plataforma de embarque, com suas chamadas para a saudade, com seu peculiar ar de coisas que ficam para trás, tudo que chega um dia parte, tudo que se ganha, um dia ou se doa ou se perde, eu me doava e me perdia naquela imensidão dos meus pensamentos vastos, que percorriam a extensão das minhas lembranças com a velocidade de sorrisos que me vinham no rosto. Nada extraordinário, porém tudo muito especial, cada detalhe cada gesto.
Olhei com um olhar analítico outro ônibus que partia, para um destino tão certo para ele, mas pensava com um impetuoso sorriso, “Quão incerto pode ser tal destino para mim.” certas horas chegava a me desencostar da parede como quem embarcaria em algum deles e eu ia, mas não sabia se aquele era o momento certo, mas adorava aquele gostinho, de decisão saber que eu podia entrar ali, enquanto isso pensava também, que se gostava mesmo do que estava fazendo e se queria mesmo estar nessa minha pequena cidade pacata.
Em certo ponto tomei minha decisão me desencostei da parede e suspirei comigo mesmo e pensei maktub.E se você está lendo essa crônica, saiba que ela foi escrita logo que cheguei da rodoviária, e também já sabe que não pequei nenhum ônibus com algum destino, talvez o seu destino, mas saiba, um dia não vai ser eu que vou estar esperando, alguma hora há do acaso nos pregar uma peça, e te fazer ficar ali na rodoviária, não esperando, mas algo superior te mantém ali porque está escrito, e porque você disse obrigado.

JOTA"Adios, madre"
Platônicos,

10 dezembro 2007

Rodoviária

Sexta-feira, um dia comum na pacata cidade comum de Atibaia, eu nada comum esperava impaciente, não na impaciência de que já esperou muito, mas com a impaciência de quem sabe que vai esperar, afinal era sexta feira espera uma pessoa que chegaria de São Paulo, o transito com certeza estaria horrível.
Coloquei meu ante braço na grade que dava para o terminal logo abaixo de mim, e como algo comum a quem vive a olhar a estética das coisas feias, mas bonitas ao seu modo passei a observar todo aquele enorme momento de transição, ônibus chegavam a cada minuto e pessoas desciam deles, algumas como malas enormes dando a impressão que ficariam muito tempo na cidade, outras não carregavam nada além do rosto cansado de trabalhar em algum lugar distante de mais para percorrê-lo todo dia.Odeio esperar, a hora não passa, e quando passar parece que foi hora perdida, e na minha filosofia de calçada sempre disse algumas pessoas valem a pena você esperar 15 minutos, poucos valem você esperar meia hora, e nenhuma veja bem “Nenhuma” vale você esperar uma hora, já cansando de esperar um pouco mais que quinze minutos comecei a ir embora me convencendo que quando ela chegasse daria um jeito de me ligar.
-1° Encontro de Rodoviária.
Um conhecido do teatro veio esperar seu filho chegar do mesmo destino. Conversamos pro tempo passar.
(O filho dele chegou a pessoa que eu esperava não)Tentando ir embora novamente pois já se passará quase meia hora que eu estava ali.
-2° Encontro de Rodoviária.
Um primo meu que morava em umas das cidades vizinhas.Conversamos pro tempo passar.
(O horário do Ônibus dele tinha dado e ele teve que ir embora)
Já tinha me decidido a não esperar mais quando.
-3° Encontro de Rodoviária.
Vejo pai de um amigo meu, o qual a conversa me agrada e Conversarmos pro tempo passar.
-4°Encontro de Rodoviária.
Ela desce do Ônibus a minha frente, já havia se passado quase uma hora.(No momento pensei ainda bem que ela não sabe dá minha filosofia de calçada).Mas depois de tantos encontros, eu já não espera ela, tudo foi como se nos encontrássemos por acaso, pois eu estava apenas a conversar e não mais a esperar.Ufff..
Mas acaso, eu não acredito no acaso.Então suspirei para mim mesmo e pensei: Maktub.

JOTA "Que conhecidência!?"
Platonicos,

27 novembro 2007

Cidade grande,Pequena.

A minha casinha no meio do mato
Um pedacinho de quintal gramado
Com delicados moveis simples, prosaicos.
Tão sutil como um beijo esperado

No peito um amor guardado
no marasmo da metrópole
Apenas sexo, desejo e trabalho.
Sobrevivência do mais forte.

O amor é pacato, casa no meio do mato.
Sexo é contemporâneo, apartamento fechado.
Amor é cidade pequena, interior.
Sexo, cidade grande, capital sem pudor.

Conhecida, às vezes chata cidade pequena.
Agitada, perdida, descontrolada cidade grande.
Amor é conhecer quem mora a sua volta.
Sexo é só olhar pra quem bate na porta.

Amor parede pintada de guache.
Sexo, pichação em parede de boate
Amor é ter amigos.
Sexo ter conhecidos.

Amor é contar segredos.
Sexo é ler jornal.
Amor tomar vinho, jantar romântico.
Sexo é cerveja, balada, casa cheia.

O amor se renova depois da chuva forte.
O sexo se limpa, dispersa e morre.

JOTA "E o mundo anda tão caótico"
Platônicos,.

Meu Vidro

Por Deus! era só uma borboleta,
Qual necessidade sarcástica a jogaria
Contra a superfície rígida
Rigidez do vidro no meu carro
Um vidro inocente, lateral, parado.
Por Deus! Qual que é a metafísica disso?
Confesso que fiquei assustado,
Num primeiro momento junto ao estalo
Logo, me senti bem pelo vidro fechado.
Mas a borboleta não voou mais
Culpado, o réu é culpado.
Pelo vidro estar fechado.
Qual a metafísica da minha culpa?
A minha volta até uma formiga no vidro
Parecia ter dó, pelo meu ato, dó de mim.
Por eu ser tão cruel, tão imperfeito.
Deus tinha vergonha de ter me criado
Por Deus era minha borboleta.
Por Deus qual á metafísica disso?

JOTA "Luto"
Caminhos da Madrugada

09 novembro 2007

Poema só para Dan Hydalgo

(Releitura: Poema só para Jaime Ovalle)

Quando hoje acordei, já fazia um calor infernal.
(Embora a manhã ainda não tivesse passado)
Choveria.
Choveria apenas no meio da tarde.
Como contraste e consolo ao calor da manhã.
Não bebi café, pois já estava atrasado.
Depois sai de casa rapidamente. Acendi um cigarro e caminhei pensando...
-Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.

JOTA "Aos meus Bons Amigos"
N.D.A.,

Menina de Baunilha

Em meados de outono
Conheci sem conhecer um poeta
Não a conheci em gestos, voz e silhueta
A encontrei apenas em palavras
Em
cartas sem cheiros pelo computador
Voltamos antes dos detalhes
Não falamos de sentimentos
Nem argumentos questões cerimônias
Me apegava o cheiro
Ou que seja descrições deste.
Imaginando gestos, a voz e a silhueta
O toque algo distante, quase inimaginável
Inveja teria Platão de saber
Que amei platonicamente sem conhecer
Conhecendo meu amor poético
E um camarada me disse:
-Esses romances pela internet não dão certo.
Mas ainda hoje
Sinto saudades do que não conheço.

JOTA "Será que é tempo que nos falta para perceber"
PLATONICOS,

05 outubro 2007

Setembro

Setembro passou e eu nem vi
A primavera chegou e eu nem vi
Ela me chamou e eu nem ouvi
Que chato, nem vi e nem senti.

14 agosto 2007

A Teus.

E viva a arte independente, disse-me uma poetisa.
E viva a arte independente, disse-me um musico.
E viva a arte independente, disse-me um pintor.
E viva a arte independente, disse-me a arte.


Cansei de Céus azuis e poetas mudos
Do silencio da madrugada e das cordas estouradas
E á quem veja fale e pense por uma tela
E muito mais que ladram e poucos que mordem

Foi-se o tempo, e tudo de velho não foi com ele.
Vejo as mesmas rugas nos mesmos cargos
Vejo tudo de um lugar distante, longe da importância.
Não fiz escolha alguma para ter esses direitos

E muito menos para ter esses seus deveres.

Não me entenda mal, não vim mudar nada.
E se vim, não quero.
Deixe-me aqui com uma pena, alienado.
Deixe ser messias e profeta quem tem faculdade.

Vá com seus quadros burocráticos
Mostre-os aos cegos, aos filhos capitais
Não quero tabela ou porcentagem de lucro
Quero as belas e promiscuas prazerosas criações.

Nada Mais.

Se seu instinto lhe dá fome e cobiça por dinheiro
O meu também mais pela arte e nada mais.
Não sou socialistas, anarquista ou ao menos capitalista.

Sou simplesmente artista.

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Quero ignorado, como Pessoa, introspectivo como Deus humano.


JOTA “Ignorado e Introspectivo”
N.D.A.

01 agosto 2007

Ode ao Mundo

Roda mundo como em uma roda de ciranda
Goza do esplendor de ser um astro bailarino
Porque nunca deixará de ser criança
Simplesmente porque vive na eternidade
E tem muito tempo à eternidade,
Tanto tempo que não a tempo para ser adulto
A tempo mais que suficiente para ser velho
Mas isso em uma distancia infindável
Aos olhos, as mãos e a mesma órbita infinita.
Não se canse, deixe o cansaço para quem morre cedo.
Roda sem ser a rotina do ser humano,
Deixe para mim, contar as horas para o apocalipse.
E matar meu pequeno tempo em taças de vinho,
Abra um vinho para mim, vamos comemorar!
Serei um amigo passageiro para ti,
Passageiro por passar e por ter pegado uma carona,
Por em um instante ter te acompanhado na eternidade.
Mas se lembre de mim, com a saudade do respeito
Porque sorri e agradeci a carona,
E quando for descer te peço, pare.
Não tenha pressa, espere comigo a ultima garrafa.
Viremos, viveremos, vislumbremos teu longo caminho,
E minha curta vida, nada á de ficar para sempre.
A não a lembrança de brincarmos como crianças.

JOTA "Aos meus bons amigos"
Os Mil Odes,

22 julho 2007

ÁS PESSOAS TRISTES

As pessoas são tristes porque querem, como todos sabemos a negação na maioria das vezes é triste, sempre sinto um ar de insatisfação quando alguém me diz não, mas afinal são escolhas, nada mais, nada menos.
Confesso não ficar triste com uma negação quando dirigida a mim, acho triste a hipocrisia presente sobre a vontade, todo mundo complica tudo, é tão difícil dizer sim 1+1 são 2, e uma arvore é verde quando deverás ela é verde, existe muita metafísica em tudo sobre a face da terra, e muito mais abaixo quanto acima, mas não gosto de complicar as coisas quando elas deverás fazem parte da nosso humilde e frágil realidade, sim como disse um filosofo amigo, nossas conversas são muito filosóficas e poética, mas não se sinta constrangida, nossas loucuras são simplesmente "floriação" das vontades e dos "achismos", mas não deixam de ser verdade.
A sinceridade nunca dever ser usada para se dizer sim, pois vontades não são fatos, apenas seja sincero nas negações, sincero e triste.
Isso que está escrito aqui, não é uma verdade da vida, é uma "verdade" que se transmuta de acordo com o momento, mas não fique triste em negar tal verdade, pois no fundo nada é um sim, e tudo é um não, poeticamente falando, tudo pode ser sim e nada pode ser não.
Confuso? Eu não. Eu sei sobre o que escrevi, basta á você saber sobre o quê leu.



JOTA"Floriações e Achismos"
GUARDANAPOS,

18 julho 2007

Singela Mel

Na tentativa de ser breve, gostaria de fazer um lacônico agradecimento a singela Mel, sua amizade me encanta, sua presença me alegra, predendo-me a laços paradoxais de liberdade, tecidos por nós no entrelaçar de almas, naveguemos menina, naveguemos.E obrigado por permitir que seu texto fosse copiado para meu caderno.

"Era uma vez... uma garotinha triste que avistou um poeta em meio a um mar de lagrimas, poeta explorador, pois estava a navegar em águas tristonhas, profundas. A garota percebeu que não era uma pessoa qualquer , era uma pessoa diferente, uma pessoa de outro mundo, outra dimensão, outra galáxia, que sabia melhor do que ninguém o que esta garotinha precisava, de um amigo, uma ótima companhia para conversar, e um bom vinho, necessitava de uma pessoa que estivesse na mesma sintonia que a sua. Sim! E, o poeta era exatamente assim. É inevitável negar que é verdadeiro o sentimento de amizade , um sentimento transparente, insípido, que da forças para que saiam deste mar de lagrimas, e tristeza. Assim, muitas madrugadas, noites a dentro, a garotinha e poeta, perdiam-se em pensamentos, filosofias."
Mel Italy

28 junho 2007

CORRIDA

No dia em que eu que eu nasci não soaram trombetas, e sim um estampido alto me avisando que a corrida acabava de começar, então eu chorei porque por não poder correr mais rápido que o tempo, depois de alguns meses notei que não estava tão longe dele assim, logo comecei a andar, e a vida foi passando, o tempo correndo e eu atrás tentando pegá-lo, com a inocência das crianças que estão dormindo, aos meus seis anos começaram os obstáculos, eu tinha que aprender tudo muito rápido, se não o tempo me deixava para traz, era isso que me falavam e eu animalzinho ainda não domesticado, aceitava essa verdade tentando me encaixar dentro nessa famigerada sociedade, mas o verdadeiro atraso foi mais ou menos aos doze anos, eu tropecei, cai de forma tão cinematográfica que renderia até uma cena, com direito a slow motion, e fiz cena, gritei, xinguei, bati e chorei, e o tempo parou de correr, deu-se um pouco para mim, ajudou-me a levantar e continuar a corrida, agradeci e enquanto limpava a sujeira das minhas roupas, ele disparou novamente e o persegui já sabendo competir.

Corri com sorriso no rosto mais uns dois ou três anos, logo como me disseram estava na pior fase, eu de animalzinho, me tornei um pequeno monstrinho da sociedade, rebelde, fiz birra e parei de correr, sentei numa pedra, o tempo voltou, eu de cara fechada discuti com ele, ele tentou argumentar, não lhe dei chance de terminar, então começou a rodar em volta da pedra e eu ali sentado, simplesmente vendo-o passar, fazendo voltas em torno de uma pedra com um monstrinho a observar, e o tempo é esperto, de tanto velo passar, fiquei entediado, e quando ele passou para parte de traz da pedra dei um salto e corri a frente do meu tempo, mas ele me alcançou pois o tempo é rápido e não fica para trás, então eu sorri, e ele sorriu e começamos a correr juntos.

Às vezes ele faz graça e me deixa um pouco para trás, mas se eu correr mais, sempre terei tempo, depois de tanto brigar eu e o tempo ficamos amigos, e tem vezes que estamos cansados de tanto correr, vencer e conquistar tantas coisas, ai dou um tempo ao tempo, dando um tempo pra mim mesmo.

Agora quando paramos aprendo muito com o tempo, por que o tempo é poeta também, ele que escreve tudo que passa, leva com sigo, um grande caderno chamado memória, e depois de ficarmos muito amigos sempre levo comigo boas histórias.

JOTA “Apostando no tempo”
FABULAS: Meu estranho, Mundo estranho.

22 junho 2007

Devaneios Públicos II

Devaneio n° 483


Estou sentado sobre uma cadeira azul, dessas que se encontra em muitos escritórios, e a cadeira sobre um amontoado de blocos, desses que chamam de prédio, me distraindo com algumas folhas em branco e uma caneta barata escrevendo pequenos textos, e uma pessoa me olha de longe pensando, deve ser um desses poetas.

Devaneio n° 484


Ao amanhecer um passarinho visitou a minha varanda, deu três pulinhos para cá, três para lá e ficou olhando-me com insatisfação, adentrou alguns centímetros pela porta e fechou os olhinhos sacudindo a cabeça como quem diz; -Que cheiro estranho esse seu incenso.

Pequei um biscoito e esfarelei-o, jogando perto da pequena ave, ele comeu uma porção de migalhas, depois me agradeceu com um tímido piado, como que quer dizer; -Muito obrigado pelo biscoito, mas esse incenso não é bom, se eu pudesse te dar uma sugestão diria para acender algo parecido com baunilha que é o meu favorito. E voou.

Devaneio n° 485

Acho que os passarinhos são lindos, mas um pouco atrevidos quando acaba de nos conhecer.
Nota Mental I: Parar de conversar com animais que não conheço.

Nota Mental II: Conseguir um tempo para ir à Festa de aniversário da cidade.

21 junho 2007

GRAVURAS DE LUGAR ALGUM

A palma da minha mão pressionava enquanto escorava as maças do meu rosto, os dedos cobrindo os olhos e as suas pontas tacavam o inicio do meu couro cabeludo, meus cotovelos se apoiavam na mesa e o escritório estava vazio, a solidão da terra, de vales que sonham com a água salgada, pela minha varanda nada do que eu já não tivesse visto e o cheiro de jornal velho com incenso, peculiar e triste por não conter nenhum cheiro conhecido, e nenhuma palavra que consolasse esse meu estado de carta presa numa garrafa.
Eu tenho tanta coisa pra falar, tantas filosofias pra viver, tantos pontos pra interligar e paralelas para juntar, mas tudo que sinto e a falta de vontade de mudar o mundo, me desculpe, quem dera fosse humildade, mas não é, gostaria de bater na porta da sua casa e dizer para fugirmos, deixarmos todas as coisas para traz, tudo, deixar o mundo para a sorte que teve até agora, deixar que quem sabe deus ilumine a consciência dos ignorantes e encha a barriga dos que tem fome, esperar que a justiça abra seus olhos e descubra que nunca quis ver, e me deixar, para que eu me vá sem o peso da responsabilidade de cidadão, deixar eu viver em uma casinha de sape e me preocupar apenas com á horta e o pomar fornecidos pela própria flora.
Não é covardia, às vezes gostaria que fosse, mas é cansaço, de viver a vida no limite, de brigar e lutar, ganhar e aprender, perder e sofrer a solidão de apreciar a derrota. Acho que sempre vivi amores platônicos distantes.
E você ainda se pergunta por que você esta lendo esse desabafo de um escritor frustrado, pois digo, com olhar pesado e voz melancólica, sou incompleto, algumas drogas às vezes me fazem esquecer isso, o próprio estudo e conhecimento às vezes me ludibriam como uma droga qualquer, a vida pesa e momentos de sanidade como este, que me encontro totalmente são, e sem ter a visão embaçada por falsas desculpas, a fome existe, a dor é presente, o mundo chora a hipocrisia dos seres que poderiam mudar o mundo.
Animais sofrem por você deliciar com um bife, e crianças morrem de fome enquanto você menospreza uma porção de comida que sobrou no seu prato, pessoas entram em depressão por serem abandonadas e pessoas não dão a mínima para os sentimentos alheios, cada detalhe faz a diferença, cada importância transforma fatos supérfluos em razões de vida.
E eu, aqui continuo escrevendo, não para verem que estou escrevendo, quem importa quem escreveu, o que importa é que está escrito, e nós sabemos, eu gostaria de não saber, viver na imensa felicidade de uma pedra, mas não, a dura e cotidiana verdade é que não passa de palavras gravadas em lugar algum, e que não são atos, eu escrevendo e você lendo.


JOTA “Cotovelos no teclado”
CAMINHOS DA MADRUGADA,

09 junho 2007

Bilhetes

Sentado na frente de um computador no meu escritório, a fumaça sobe vagarosamente, estranhamente influencia pela musica da Maria Bethânia que tocava, triste e tão poético, penso enquanto minhas conversas por esse meio de comunicação se desenrolam, estranho troco conversas de amigos próximos com pessoas tão distantes, às vezes nem pela própria distancia em si, simplesmente pelo ultimo contato físico real, presente, sem necessitar de nem um meio de comunicação inventado no ultimo milênio, a simples conversa, sem meios de comunicação atuais, minha solidão vai aumentando com a falta de assunto e logo elas voltam para o seu lugar na minha lista de contatos, nada agradável.

Quando as pessoas estão presentes não importa se acaba o assunto elas não somem de nossa frente, elas permanecem ali, porém sem assunto, mas estão ali, algumas vezes isso é tudo que importa, sinto vontade de gritar por estar sozinho, nada necessário, simplesmente por não ter que explicar para ninguém o porque dá quilo.

Algo solitário diria meu analista/amigoimaginário/consciência/psicólogo/ego assim como disse.

Esse é o momento que eu sou assombrado pelos meus próprios demônios, ironicamente me trazem uma mensagem dela dizendo:

Tenha paciência, olhe para a lua e assim verá que não está tão sozinho assim, um dia eu chegarei e nós saberemos que a solidão é a presença de quem ainda não chegou.

Li tão espontaneamente que a opção de não ler foi ignorada pelo habito, parece que meus demônios já não estavam mais lá, no primeiro momento pensei que essa forma de comunicação talvez tivesse sido inventada antes da fala como nós a conhecemos, mas não dissertei muito sobre o assunto.

Acendi outro cigarro e voltei ao meu lugar, ignorei outras tentativas de comunicação alheia e escrevi porque era triste e poético.

JOTA,”A vida através da tela”.
PLATONICOS ,

28 maio 2007

Devaneios Públicos

Devaneio n° 467

Acho que vou começar a postar alguns devaneios no meu blog, torna as coisas um pouco mais reais, não gosto muito que leiam meus devaneios mais faço uma forcinha talvez alguém goste, talvez não.
*Mas espero que não se incomodem por eu ter que pular alguns, coisas muito pessoais.

Devaneio n° 468

Me espera que eu já vou chegar para abrir o restaurante, no horizonte nublado do tempo gelado cada dia e cada passo me faz lembrar o que é viver, não sei ao certo o porque, nem muito menos o que escrever, já disse tantas palavras em devaneio que hoje, não tenho nada para devanear, nada para sentir, e tudo para esperar e lembrar, as vezes a vida anda em passos de formiga, sem a certeza de ser o caminho certo, sinceramente me faz ter vontade de largar tudo e fugir para uma praia, onde a só exista duas estações a primavera e o verão, corre comigo por que em alta velocidade não importa o caminho, canta comigo, quem sabe alguma musica do Cidade Negra ou talvez Elis Regina, só para o tempo passar mais rápido e diz meu amigo vamos tomar uma cerveja e rir um pouco mais, porque no fim das contas não importa o que façamos, somos jovens, e apenas vivemos, talvez importe os 10%, o custo baixo a se pagar no pedágio para lugar nenhum.

Devaneio n° 469

A chuva me dá muita vontade de não ter vontade de fazer nada, principalmente em dias de frio, acho que a preguiça é filha do inverno.

Devaneio n° 470

Se uma vez por dia alguém me dissesse o que realmente quer comigo, eu seria a pessoa mais feliz do mundo, mas às vezes nem as pessoas ao me redor sabem o que querem de mim, me sinto uma incógnita a ser desvendada, por não querer nada e não fazer nada.Talvez seja uma incógnita para mim mesmo.

Devaneio n° 471

Nunca é o mesmo caminho, por mais que você queira, já acho até que é natural as pessoas partirem, às vezes tenho saudades das que acabaram de chegar, sabendo o futuro obvio.

Assim ela abriu o guarda-chuva florido em tom de amarelo, pensei por alguns segundo que falta vai me fazer essa menina com dreds, engraçado como as despedidas mais difíceis sempre acontecem em dias chuvosos, tudo chora, todos choram e eu permaneci natural, já foram tantas despedidas, tantos adeuses, que doei todas as minhas lagrimas pro céu, é tanta falta que levo no peito e tantas lagrimas em meus ombros que já não sei mais chorar.Desculpe-me, mas sei que foi certa a decisão, não que fosse a coisa certa mais foi a que ela queria fazer.

Confesso no fundo senti certa admiração, não se tinha coragem de fazer o mesmo não sei se conseguiria largar tudo e fugir para uma praia onde prefiro acreditar que só exista duas estações, a primavera e o verão.

Anjo de Ébano


Sou ninguém, como vento.
Sou da terra o sofrimento
Mesmo sendo assim
Pertenço somente a mim

Sou o depois, tempos que não chegaram.
Sou o amanhã, a vida de manhã.
Tenho o tempo nas mãos
E saudade do futuro no coração

Tenho coisas tão simples
Alegria, vida e viajem.
E tão complexas
Amor, vaidade e verdades.

Perdoa-me com humildade
Vem comigo para essa viajem
Põe o pé a frente e faz drama
Ou para e fica sem cena

Sou tudo que você quer ter
Sou tudo que não pode ser obtido
A simplicidade de nascer
O trabalho como lazer


Sou um anjo
Sou um anjo perdido
Diz-me o caminho do paraíso.


JOTA “Vôo rasteiro”
Caminhos da madrugada,

05 maio 2007

Andei Pensando


Sabe andei pensando.Pensamentos de domingo.
Pensamentos preguiçosos que se arrastavam para o sofá.
Mas eu andava como num sábado qualquer.
Andei pensando em algo para fazer.Ás vezes em você.

Sabe parei. Não de pensar, mas de andar.
Parei e encostei-me em uma parede qualquer.
Não como se estivesse adiantado, simplesmente parado.
E a parede tinha cor de segunda feira.Nem pensei.

Sabe passei por uma velhinha, um cachorro de rua e amigos.
E nem sei ao certo que dia era, mas pensava que era sexta-feira.
Pensava nas metafísicas de se andar e pensar.
Fiquei com vontade de comer chocolates, dizem que á metafísica nisso.


E olhei para uma flor, que era apenas flor.
E para a cor que era tudo menos aquela cor.
Olhei, me vi e eu era tudo menos terça-feira.
Fiquei tão triste como se estivesse de ressaca, e nem bebia.

Sei que você já até pode imaginar, se fosse quarta...
Mas sai daquele muro e entrei em casa como toda quinta.
E tudo na semana se resumia a pensamentos preguiçosos na frente da TV.
E até agora nem sei ao certo que dia é, acho que já é amanhã.

JOTA “ah muita metafísica”
Caminhos da madrugada,

14 abril 2007

Desmentindo Boatos sobre “JOTA”


* Não, ele não foi o único homem nascido em Vênus, outros também nasceram lá.
* Quando dorme não acorda no dia de Ontem, a não ser quando bebe vodka encostado.
* Em seu aniversario de 18 anos Adão e Eva estavam presentes, mentira, não foi o de 18.
* Ele nunca foi criança apesar de ser para sempre jovem, adulto e velho.
* Sim, o Tempo só existe para quem morre e ele não sabe o que é isso.
* Não, a posição “Pilão giratório” do Kamasutra não foi inventada por ele, apesar de ser uma das suas favoritas.
* Totalmente mentira que quando deus criou o verbo ele disse prossiga.Ele simplesmente ficou em silencio e redigiu tal criação.
* A terra não é plana.
* Ele não conversa com objetos inanimados, todos os objetos com que conversa podem misteriosamente voar, apesar de por serem tímidos, não fazem isso na frente de estranhos.
* Sim ele já teve um cachorro.
* Nunca houve nenhuma prova dele ter quebrado o braço quando caiu de sua cama.
* Sim ele já foi casado com uma estatua, pedindo o divorcio quando se cansou dos longos monólogos e do relacionamento parado apesar dela também poder voar.
* O sol não gira em torno da terra.
* Ele não participou de nenhuma guerra, nunca matou ninguém e o coelhinho da páscoa existe, por isso que ele se tornou pacifista.
* Nenhuma prova foi encontrada de que ele não é um amigo imaginário.


O PRÓPRIO “Porque?”
RESPOSTAS AOS EMAILS,

13 abril 2007

Ode Minha Partida

Odeio o fato inexato da existência
Como uma expressão inacabada num quadro
Com detalhes da impureza controversa
A prece uma saída, fato inexato.
A sorte de encontrar um grande amor
Maldito fato inexato
Um pecado, a punição, fato exato.
Exala o cheiro da morte impune
Os dedos ou olhos de deus
Um deus esquecido até pela morte
Alguém me disse que eu era feliz
Por que então eu tenho medo?
Numa noite triste perdi um amigo.
Que disse que sou uma pessoa feliz.
Eu odeio a minha chance de mudar
Odeio o fato de ter nascido na época errada.
E a única coisa que ficou foi uma foto.
Era um tempo difícil!
Éramos jovens! Sinônimo de decadência
Acredito ainda que posso mudar o mundo
Escrevendo palavras perdidas
Não mais perdidas que nós.
Temos medo, todos temos medo.
Medo do novo, novatos de épocas.
Todos têm medo de mudança.
Eu tenho medo de ter que ter uma chance.
Uma chance para poder viver.
Eu ainda lembro daquela noite, amigo.
E tenho saudade, ou tenho esperança.
De te encontrar, realmente tenho saudade.
-Então vai, que irei daqui a pouco.
Mas não me espera, pois virei a pessoa feliz.
Que você professou quando eu disse “vou embora”.


JOTA"Um Velho Amigo Meu"
O-DE SEMPRE,

10 abril 2007

LEMBRA DA SOFIA

“...nasci, aqui nessas primeiras palavras escritas, fui gerado, algo ou alguém muitas vezes indefinido, outros muito definido e limitado, mais sempre conhecido como o escritor de tais palavras, que prende a sua atenção como se navegasse por um rio olhando a beleza e a mudança das coisas à sua volta, sendo esse rio nada mais nada menos que essas linha que você acompanha com os olhos, você gostaria de ouvir uma historia, afinal é isso que um narrador faz, conta a historia, nada mais nada menos, sobre o que? O que? Você nunca teve que escolher o tema da historia quando leu um livro, a não ser pela escolha do livro, feita em uma livraria quando leu uma sinopse que estranhamente é parecida com o seu gosto, talvez tenha ouvido uma critica ou uma indicação de algum amigo, duvido muito que tenha o costume de ler, não, não, nada pessoal, só questão de estatística, mas já que esse livro não possui sinopse ou algo parecido, eu tenho total liberdade para falar sobre qualquer tema, mas como bom narrador, você não saberá o tema sobre qual desenvolvi o livro com palavras concretas, tudo ficara subentendido nas entrelinhas, já falei um pouco de mais sem nenhuma pausa significativa.

Vou começa descrevendo um personagem, que tal uma mulher gosto de escrever sobre as mulheres, uma personagem feminina já se cria sem muita influencia das descrições, aposto que quando disse uma mulher você já imaginou uma independente de qualquer descrição que eu fiz.Então imagine uma mulher de cabelos negros, curtos e um sorriso inesquecível, vou chamá-la de Sofia. Ela tem uma estética peculiar, algo que fica longe das estatuas gregas, uma beleza moderna, anda suavemente e desenvolta de tradições, apesar de uma sutileza e personalidade que encaixaria perfeitamente com coroa de margaridas lhe dando um ar ainda mais divino, com o ímpeto e a liberdade dos jovens, mas um olhar com uma intensidade de quem já conhece o amor.

Nesse momento nasce mais uma Sofia, a sua Sofia, você a vê, você sente ela falando e lhe olhando intensamente, você já pode imaginar o seu jeito de andar, até algumas roupas que lhe cairiam melhor.

Você a ama.

Como eu a amei quando a descrevi para ti, mas você não a ama com um amor de posse, algo sublime, você ama o jeito dela, como ela é amiga, como ela te trata, diferente de todas as outras pessoas ela dá valor a sua individualidade e fala como se só você pudesse entendê-la, porque afinal ela é sua melhor amiga, e é isso que amigos fazem.

Você lembra? É claro que você lembra, lembra do que nunca viveu, porque essa é uma das habilidades do narrador, vou ajudar a sua memória, lembra quando Sofia foi até a sua casa, era uma tarde chuvosa, algumas pequenas pancadas de chuva impedia que vocês fizessem qualquer coisa fora de casa, então preparam algo para comer, enquanto ela falava sobre a solidão, ela dizia que era tão belo, ficar sozinha, e que esse era o maior grau de amizade que se pode chegar, quando você consegue ficar sozinho ao lado de uma pessoa, não se lembra o que vocês comeram naquele dia, mais parece que agora você ainda sente o cheiro, sentaram em um lugar da casa onde desse para os dois observar a chuva caindo, e ficaram em silencio, sem dizer uma palavra, você pensando nas palavras que Sofia tinha falado, se sentia sozinho perto dela e às vezes, para ser sincero muitas vezes ela não precisava falar nada, só a presença dela bastava. E vocês ficaram horas ali, sentados, observando a chuva cair, e não foi dita uma palavra e não era necessário dizer nada...”

JOTA"Ela me disse:-Olá."
O NARRADOR,

05 abril 2007

- Boa noite.

Essa foi a ultima coisa que ele sussurrou antes de partir.


JOTA "Poeta Nômade"
CAMINHOS DA MADRUGADA,

24 março 2007

Reencontro

Qual manifesto ideal que diria?
Por semanas pensei qual seria
Uma indagação, exclamação?
Balbucio sem expressão.


Lapso de anos atrás, reencontro.
Por noites perturbei-me deitado.
Em qual capitulo do seriado,
Que eu seria bem-aventurado.


Esperei cada segundo para verte
Vertente pelos dias inconstante
Nostálgica paixão semelhante
A dor que carreguei no semblante.


Sussurrar com meticulosidade:
-Senti saudades-
Simples de mais, prosaico.
Sem necessidade, muito fraco.


Convicto rasgar o âmnio:
-Sempre quis dizer, Eu te amo!-
Muito pouco natural
Extrema debilidade emocional.


Agora quando olhei nos seus olhos.
Não melancólico, surgiu um abraço.
E melhor que um manifesto pensado.
Soltei um suspiro aliviado.

JOTA "Me abraça, e conta um sonho"
AS MIL POESIAS,

22 março 2007

CASULO

“Tem dias que você preferia não ter acordado, não pelo fato dele ter sido ruim, simplesmente por haver um desassossego dentro de você, o café parece que estar meio fraco ou muito forte você fica cansado de comer coisas que sempre gostou, e de cinco e cinco minutos para pra pensar que ainda não sabe quem você é realmente e se sabe acha que te enganaram, algumas crises de personalidade aqui, outras ali.
Foi assim que fiquei há quase duas semanas atrás, como dito nos meus textos anteriores, um tanto quanto sozinho, sem causa ou motivo especifico.”

Naquele dia eu saia de uma maçante jornada de trabalho, olhei para o mundo e ele parecia preto e branco, como disse um poeta amigo, passei pela praça de uma escola na qual eu estudei há alguns anos atrás e todos pareciam ter tons de cinza, estranhei afinal no fundo eu sabia que quem estava preto e branco não era ninguém além de mim, cheguei em casa e coloquei as mãos nas bordas de um espelho e me senti velho acabado, talvez isso devesse ser o que todos chamam de crise dos vinte, um tanto quanto estranho, parei por algum tempo com o olhar perdido ao longe, e comecei a meditar, e esse desassossego não deixou meu interior, tem horas que a solidão é tão forte que você a trocaria por qualquer companhia chata e hipócrita, que pode surgir, resisti pensei em ligar para uma menina singela que vem conseguindo chamar minha atenção e curiosidade, com seu jeito meigo e suave. Mas optei por não fazê-lo afinal a companhia dela não chegava nem perto de ser chata e hipócrita, então resisti.

Mergulhei na minha solidão e flutuei na angustia, dor e introspecção no qual me encontrava, acordei hoje, e havia algo de diferente, peguei e me olhei no espelho, na havia mais um fio de cabelo na minha cabeça eu n lugar do meu Coturno vestia um All Star de couro e sobre a cabeceira da minha cama permanecia uma jaqueta e minha companheira, a boina. Abri meu guarda-roupa e pequei uma camisa branca social, vesti fui até o banheiro e escovei meus dentes apreciando minha falta de cabelo, a estética tinha ficado pra trás, já a algum tempo, mais isso me fazia refletir sobre a opinião das outras pessoas, pra variar não cheguei a lugar algum, pensei comigo mesmo ao menos, não acordei e era uma barata.

Coloquei a jaqueta e parti para te encontrar, ainda não tenho idéia de qualquer reação sua, não sei ao certo, mas acordei me sentindo um sobrevivente de uma metamorfose extremamente necessária, como uma borboleta que sonhava que era sábio, ou um sábio que sonhou ser borboleta.

JOTA “Borboleta ou Sábio”
CAMINHOS DA MADRUGADA,

13 março 2007

PENSAMENTO III

-Não quero dizer o que é certo ou errado, não sou um pastor.
-Só quero falar o que eu acho, sou um artista, talvez um profeta!?

JOTA "Reis"
ENTREVISTA (His Fate Was Sealed)

COMPANHIA ERMA I

Bizarra, essa era a palavra da noite, apesar de não ter acontecido nada fora do comum, acho que isso que a tornava ainda mais bizarra, e talvez até desse sentido a essa palavra.
Peguei-me subindo as escadas vagarosamente, com o pensamento vago sobre o sentido desse meu caminho e o destino, não tinha a menor idéia do por que estava com aquela sensação estranha. O sentido para o qual eu caminhava e o destino era vê-la, ficar ao lado dela, conversarmos, e em algum ponto em que as palavras não se faziam mais necessárias, nos beijaríamos, mas a solidão se fazia presente de tal forma em minha alma que lutei diversas vezes para não voltar casa e trabalhar em algum texto vagarosamente e um pouco vago.
Estava em silencio, comigo mesmo, cheguei à entrada do bar e ela estava sentada em uma mesa virada de costas pra mim, aquela era minha ultima chance, afinal ela ainda não tinha me visto, e minha mente traquinava uma surpresa chegando por trás e tampando seus olhos, mais alguma sensação como já dita antes, bizarra de ficar sozinho me motivava a não entrar naquele bar.
Quando a minha bifurcação de caminhos foi levada por pela minha amiga cantora tímida de voz alta e presente gritando meu nome, e impondo uma aproximação no mínimo constrangedora diante da platéia que agora fixava o olhar em mim, enquanto eu me aproximava da sua mesa, a qual ela, ainda estava sentada de costas.
Passei e sentei na outra ponta praticamente de frente para ela, que me olhou com um cara já esperada, uma mistura de surpresa e felicidade, talvez mais surpresa, que caiam tão bem no seu olhar choroso e em seu sorriso singelo e lindo, que involuntariamente, arrancaram-me um sorriso quando nossos olhares se cruzaram.
Tomei um gole da cerveja dela, agora já estava sentado ao seu lado e conversávamos, eu falava muito pouco involuntariamente, poucas vezes desde minha adolescência tomava aquela atitude defensiva, em relação a uma pessoa, com a qual eu não conseguia esperar mais o momento em que as palavras não se fariam mais necessárias.
Era como se estivesse preso dentro de um casulo, em uma metamorfose que duraria um tempo indeterminado, tudo que eu tinha que fazer era esperar, só esperar calmo e quieto preso a algum lugar tranqüilo, mas lutando contra isso com o apoio dos meus desejos e vontades, eu arrastava aquele casulo para bares e o colocava na presença de pessoas que poderiam se sentir ofendidas diante a minha falta de ação e total introspecção na qual eu me encontrava.


Continua...

JOTA, “Vida é feita de Encontros”
PLATÔNICOS,

06 março 2007

A Eterna

Moribundo no leito do nosocômio
Sendo nostálgico, narrando sua juventude.
Passantes há pensar mandá-lo ao manicômio
Arcaica voz afônica, sem plenitude.


Arauto da paz sepulcral, anjo celeste.
Pousa perto daquele que se mete
Entre lembranças, ausência de seu amor.
Mas na solidão de saber, sábio como cinza.


Mesmo sabendo que o fim se aproxima
Arpeja desarmônico á vinda celestina
Que o levasse para longe das dores
Não dores das moléstias que o assolam


Mas do terrível mal da saudade
Que com o passar de tua idade
Apenas lavrou a esperança dispersa
E implorou que deixasse única coisa


Única lembrança, de revela ainda me resta esperança.
As únicas coisas que o consolavam a vida
Que não fosse desperdiçada e esquecida
Como quem vive sem amar, deixasse essa lembrança.


Em sua beleza divina e altiva
Concordou e em resumida explicativa
Disse com clamor imponente
-Tu homem conheceste o amor verdadeiramente.

-E de todos os pecados e tormentos,
Não haveria paixões e nem argumentos
Que permitisse a ti tal reminiscência
Mas o amor verdadeiro lhe indica uma saída.


Pois então aceito, amigo celestial.
Disse o homem sem saber ao certo.
-Tu morrerás e renascerás com tal lembrança
Não saberás de onde vem nostálgico amor.


-O alivio para tua alma será a pena
E o preço de tua chance será a sina.
Que sinos dobrem, o que o amor profeta.
Pois tu nascerás poeta.

JOTA “Saudade do que nunca existiu”
AS MIL POESIAS,

03 março 2007

PENSAMENTO II

Quando você diz B, ea pessoa com a qual conversa diz C, vai ser uma conversa interessante.
Se você fala B, e a pessoa diz B, tudo bem, ela está aprendendo.
Mas se você fala B, e a pessoa diz A, essa não aprendeu nem o alfabeto ainda.

JOTA "Ensinando ABC"
CADERNO JOTA,

MONÓLOGO I

-Não, eu sei que estou errado, mas não vou me desculpar.

Com os olhos negros pintados de forma exagerada, cabelo curto e despenteado, JOTA levou a mão até o bolso da camisa branca.

-Não sei se você lembra, mas é por isso que você me ama, porque eu nunca me arrependo, porque quando eu te conheci, te puxei pelo braço e falei que a festa estava chata, se você não queria dar uma volta.

Retirou um maço de cigarros e um isqueiro.

-Você sorriu para mim e mostrou a aliança de namoro, falou que estava chovendo lá fora, eu disse que já sabia dessas duas coisas e repeti a pergunta, e você veio comigo.

Diferente de todas as pessoas ele não mantinha a cabeça baixa como forma de redenção, puxou um cigarro e colocou entre os dedos, guardou o maço e ficou com o isqueiro na outra mão.

-Nós corremos na chuva, e eu te falei que não esperasse que eu salvasse o mundo, te disse que eu era nada mais que um revolucionário, um revolucionário sem causa, porque para mim o mundo não estava bom, e não me interessava como ia ficar.

Acendeu um cigarro e tragou de forma peculiar, encostou a nuca na parede do quarto e pegou a garrafa de vinho barato que dava um toque ainda mais familiar à cena.

-Eu disse que te amava, você sabia que era verdade, naquele momento era minha única verdade, você sempre soube que eu nunca minto, apenas mudo, e minha opinião muda, minha verdade muda, mas nunca te disse algo que não estava sentindo, confesso eu nunca menti para você.

Deu um gole de forma tão imperceptível que o clima tenso da conversa nem chegou a oscilar.

-Eu sei que um dia você vai embora, espero que demore muito e principalmente que não seja hoje, porque eu te amo, mas você vai partir um dia, e vai voltar um tempo depois e eu ainda te amarei, mais você partirá novamente, e eu não vou morrer de amor esperando que você volte por mais um dia, e você voltará.

Sem qualquer expressão de tristeza, uma lagrima escorreu do rosto dele, e secou antes de tocar o chão.

-Essa é minha sina, nós mudaremos, mais ainda nos amaremos pelo que fomos, por um passado eterno, então não fique com ciúmes de mim, por favor, porque um dia você vai embora, como ela foi.

JOTA “Arrependimento Mata”
CAMINHOS DA MADRUGADA,

26 fevereiro 2007

RESSACA

Acordei de manhã com muita ressaca, uma garrafa de vodka do meu lado direito e uma linda mulher deitada sobre o meu braço esquerdo.Forcei a memória, mas não lembrei de nada que trouxessem ela e a garrafa para o meu quarto.

Mechi-me um pouco para acordá-la, fingi ainda estar dormindo, ela começou um desperta tranqüilo e descansado, então fechei meus olhos, a senti se aconchegando em meus braços sem dizer uma palavra, virou-se e beijou meus lábios inocentemente para me acordar, mascarando um segundo despertar retribui seu beijo a beijando também, em um beijo gostoso e intimo como uma manhã de domingo e ressaca.Então abri meus olhos e ela sorriu, passou a mão pelo meu peito e me beijou novamente, nós fizemos amor, simplesmente amor um amor desconhecido, um amor com gosto de uma manhã de domingo e ressaca.

Quando terminamos, eu virei para o lado e peguei um cigarro, ela levantou e começou a se trocar acendi meu cigarro e ela pegou para ela, então acendi outro, ela veio até meu ouvido e sussurrou:
-Eu te amo!E foi embora.

Mas tarde procurei entre os vestígios alguma pista dela, perguntei para meus amigos e ninguém sabia de nada, ela não tinha deixado nada alem da lembrança para traz e eu nunca mais encontrei meu eu te amo!


JOTA “Bicho-BéBe”
PLATONICOS,

16 fevereiro 2007

OPINIÃO

Olhares são olhares, sorrisos são sorrisos, beijos são beijos, caricias são caricias quando falamos de namorados, mas quando não se trata de pessoas tão bem resolvidas em questão de relacionamentos à confusão é certa, se perde entre rostos e entrepostos de desejos, jogados como migalhas para que lhe fornece um pouco de afeto.
Eu, para infelicidade e ventura não sou bem resolvido como um lindo casal de pombinhos, me sinto mais à vontade sendo livre e sem rumo, apenas voando sem destino, mas nunca saindo do meu caminho.Às vezes me considero gênio, mas com essa década que passou, e eu não construí ou criei algo de extraordinário, me vejo sentado no sofá pensando coisas banais sobre um trabalho que não me levará a lugar nenhum, então humana que sou, para esquecer de tal angustia me socializo com gênios fracassados, mas trabalhadores bem sucedidos, vagando entre o mudo de idéias e pensamentos livres, construindo hipóteses de nossas conquistas imaginarias no futuro, até chegarmos à nostálgica utopia de um sonho, normalmente reunidos em um café ou barzinho de esquina.
Tão mal resolvida que sou, olho para o outro lado da mesa e vejo alguém muitas vezes do sexo oposto, sorrio um beijo, e ele sentada ali, ao meu oposto, pela concordância de pensamentos, acaricia um olhar, eu beijo uma caricia, e ela beija meu sorriso, sorrio uma caricia, recebo o olhar de um beijo, e acaricio seu sorriso e depois de uma confusão de flertes, nos perdemos pela primeira vez em olhar e olhar, fica um silencio e um dos dois, o mais encabulado e fraco para sustentar o olhar, sorri e volta para o assunto. Ninguém tem coragem para levantar mostrar um sorriso e ganhar um sorriso, jogar tudo para o alto, dar a volta na mesa, e ariscar um beijo e talvez receber um beijo, e é por isso que estamos sentados, não somos gênios.



Eu acabei de ler esse texto me levantei da mesa, e os olhos dela me acompanharam eu estendi o braço e para devolver-lhe o texto, mostrei um sorriso e ganhei outro sorriso, dei a volta e arrisquei um beijo e tomei um tapa.


Então ela disse:
-Eu pedi para você me dizer se estava bem escrito, se você sente isso, não foi uma indireta!

Eu me recompus e disse:
-Está bem escrito, mas eu não estou sentado, e não sinto mais isso. E arrisquei outro sorriso e ela sorriu, então arrisquei outro beijo e ela me beijou.

JOTA "Contador de Boas Histórias"
PLATONICOS, .

11 fevereiro 2007

Ode Meu Ódio

Sabedoria dos altos montes,
Guardadas por virtuosos monges.
Nos dias de hoje são jogadas,
Em letras de musicas,
Vulgarmente consideradas banais.

Todo mundo quer saber segredos.
Secretos pela ignorância popular.
Se escondendo apenas no obvio.
Na obscenidade da verdade,
Cegos.

Até meu amor já caiu no passado.
Pateticamente virou um drama barato.
Escrito como apenas mais uma novela,
Mal interpretada por atores novatos.
Egoístas.

Quem sabe da minha dor além de mim?
Quem conhece meu drama melhor que eu?
Quem mais beijou teus lábios com os meus?
Quem juntando nos dois foi apenas um?
Quem?

Mostrarei-te dois centros do universo,
Apenas quando me olhar no espelho.
E farei de ti a coisa mais importante,
Quando se juntar a mim nas dores,
Quando debochar de mim nos amores.


Cegos e egoístas.Quem?
Eu, apenas eu.


JOTA "Bicho-Sincero"
O-DE SEMPRE,

SAUDADE COTIDIANA

Mais uma vez o carrasco da solidão vem me acordar pela manhã, e ela sádica como sempre, me tortura com as coisas que você deixou para traz.

Ainda não tive coragem, nem forças ¹, para limpar as lembranças que você deixou espalhadas pela minha casa, como aquela camisa social jogada ao lado da porta do banheiro, que eu odeio e que, ficava tão bem sobre o seu corpo pela manhã.

É quando acordávamos, a cada manhã você parecia estar mais linda, eu preparava algo para comermos, sabendo que ao final do café da manhã você sempre corria para dentro do banheiro, ligava o chuveiro e jogava essa camisa na frente da porta.Aquilo sempre me arrancava um sorriso e como um susto, me acordava de verdade ².

E lá estava aquela camisa, jogada bruscamente por mim, diante dá tentativa falha de usá-la certa manhã, nunca ficaria tão bem em mim.

Essa louça pra ser lavada, me lembro também que eu sentava naquele banco de madeira, colocava meu caderno sobre o balcão de mármore da cozinha e começa a escrever uma poesia, me inspirando naquela cena cotidiana de você magicamente fazendo os ingredientes do almoço se transformarem em uma ótima refeição e fazendo toda a louça desaparecer ³.
Ainda poderia falar do monte de roupas sujas, os moveis empoleirados ou até mesmo do resto da casa estando totalmente um caos, mas ai caro leitor, ou principalmente leitora, você acharia que só sinto falta de alguém pra fazer o serviço doméstico, talvez, mas você também sentiria se tivesse que fazer faxina no final de semana.

Pequenas notas

1.Talvez seja a simples preguiça de fazer um trabalho que não estou acostumado.

2.Podia se isso que me acordava, mas cm certeza aquela corrida que eu dava em direção do banheiro já um pouco ansioso para beijá-la.

3.Nem sempre ela acertava na comida, mas a louça essa sim, ela sabia como lavar.


JOTA "Bicho-Preguiça"
PLATONICOS,

10 fevereiro 2007

PENSAMENTO I

É, eu queria contar uma linda historia, mas não lembro o começo!
Porque tudo que começa sempre acaba e se acaba não é uma linda historia.

JOTA "Contador de Tristes Historias"
CADERNO JOTA,

Amor De Verão

Ela tinha um pequeno traço de donzela
Os olhos claros, boca suave singela.
Pediu-me a mão numa taverna
Para casarmos com ondas nas canelas


Fez uma pausa pro suspiro intenso
Embalou-me no cabelo ao relento
Guiou meus braços por pensamento
E me persuadiu com o silencio


Viajamos pelos ventos para o leste
Pousei na areia como um mestre
Nos meus braços do azul celeste
Ela desceu com a brisa silvestre

Beijou-me nos lábios docemente
E pisou na areia suavemente
Puxou-me para o mar timidamente
Dançando eu e ela somente


Uma onda banhou meu corpo
Arrepiou minha nuca, molhou meu rosto.
Batizou-me como louco
E nos casou com sátiro gosto


Amanheci na areia com ela ao lado
Traço de donzela, sorriso encantado.
Um pedaço do céu, azul estrelado.
Vestido de pano e um amor de cigano.

JOTA "O Fingidor"
AS MIL POESIAS,

AMOR DE UMA NOITE

Ela colocou a cabeça sobre o meu ombro e suspirou, com o nariz um pouco abaixo da gola, da minha camisa de micro fibra branca, eu senti aquele ar quente escorregar sobre o meu peito, uma de suas mãoS circulou minha cintura e a outra se encontrou com a minha entrelaçando em meus dedos, um leve cheiro de bebida, uma leve pitada de desejo inclinei-me para traz no banco do carro e sua cabeça parou sobre o meu peito, aquele abraço estava tão aconchegante que eu podia facilmente esquecer de qualquer problema, levei minha mão direita até sua cabeça e acariciei sua franja para traz da sua orelha, e puxei-a para mais perto com a mão entrelaçada na dela.Ela jogou o joelho por cima da minha perna deitando de lado, e voltou o rosto para o meu pescoço, respirando dramática e profundamente, senti levemente seus lábios escorrerem pelo meu pescoço, aquilo com certeza inquietava meus instintos, e param num beijo tão real quanto um sonho, que sem os lábios se tocarem a alma já está em êxtase, e como se os anjos tocassem uma fina melodia de harpas e flautas, ela dormiu nos meus braços.

Com um sutil jogo de corpo a deitei no banco com a cabeça apoiada na minha coxa e comecei a acariciar seu rosto que lembrava uma manhã de inverno, agora meio corado, acho que pelo efeito do vinho, se punha numa feição de tranqüilidade que aliviava minha alma.

Abri a porta do carro e acendi um cigarro, meus amigos mais que irmãos ainda conversavam e davam risada, brincando e se divertindo apenas com um copo na mão e alguns com um cigarro na outra, e um ou outro tinha a namorada sentada no colo ou encostada ao lado, e também participava da conversa.

E o meu poeta amigo olhou de longe e sorrio para mim enquanto conversava com um fragmento de inspiração, e como eu quis dizer para ele mais estava longe demais, um lindo fragmento de inspiração.O que estava deitado no meu colo e o que ele conversava. Sem duvida tínhamos um ótimo gosto.

Às vezes me pergunto se é possível amar por apenas alguns minutos, ou menos, segundos, pois naquele momento eu acariciava o rosto dela, e eu amava-a, como ninguém jamais amou, mais sabia que era apenas um sonho, eu fiquei observando e saboreando meu amor singelo até a hora de ir embora, quando ela acordou e a deixamos em sua casa, que se despediu de mim com um beijo no rosto, nada de mais.

No dia seguinte a única coisa que tinha me acompanhado do dia anterior era o vazio, a saudade das besteiras que fizemos a noite, e quando passou algumas horas lá estava eu novamente observando meus amigos mais que irmãos. Mais hoje ela não estava, dei outro gole no meu vinho, e um trago no meu cigarro, olhei para meu poeta amigo e ele sorriu também sozinho, e uma revolta de tons polifônicos me chamou a atenção vindo do meu bolso, rápida e sutil. Uma mensagem, abri não muito ansioso, era ela perguntando, o que eu ia fazer naquela noite que ela estava sozinha, fechei o celular e devolvi-o ao bolso. Todos olhavam para mim que estava com um sorriso triste e um pouco indiferente no rosto também já corado. Ergui meu copo e falei em alto e bom tom:
-Um Brinde aos amigos aqui presentes, ao vinho para que nunca acabe e aos amores de uma noite, que eu também poeta, amarei eternamente.

JOTA “O outro"
PLATONICOS,

COVA NO ASFALTO

Caminhar, sozinho, à noite, é o momento em que você expulsa e invoca todos os seus demônios, cada passo parece que ecoa no deserto das ruas entre o pendor dos prédios e casas.Às vezes um cachorro late fazendo começar um motim de latidos por vários quarteirões, mas eles logo se cansam diante da indiferença do caminhante.

Virei uma rua um pouco inclinada, com seu horizonte tampado por galhos das arvores e a escuridão densa e fria da noite, algumas folhas fanfarronam atrás de mim, empurradas por uma brisa que não me alcançará, me fazendo ter a impressão que estava sendo seguido, olhei para trás, mesmo sabendo do que se tratava, sem parar a caminhada.

Perdi-me levemente dos meus sentidos, sentido uma realidade onde não havia distancia. Pensei ter ouvido o choro de uma criança e vários murmúrios dentro do silencio absoluto. E engolindo em seco, involuntariamente, sabia que estava invocando meus demônios, notei que involuntariamente estava segurando meu colar “das Perdas”, com a mão sobre o peito. Uma simples corrente com lembranças penduradas, a maior peça era uma plaqueta da Harley Davison e outras diversas outras pequenas, entre elas três alianças antigas, é a partida de um amigo e três amores. Eu sempre amenizava isso com uma longa caminhada de madrugada, mas agora, o barulho dos meus passos ficava cada vez mais alto em meio a silencio absoluto, apesar das batidas do meu coração ainda serem nitidamente audíveis.

Eu andava provavelmente com aquela cara preparada para ver algo estranho, uma mistura de medo e indignação que nunca se concretizava, quando avistei um vulto no meio do asfalto ainda muito longe para eu ter certeza do que estava vendo, quando foquei meus olhos, parecia uma com uma mulher de vestido marrom, totalmente em fiapos, e sua cabeça se mexia sendo jogada de um ombro para o outro.

Minhas pernas enfraqueceram, mas não pararam, meu coração disparou, a palma da minha mão antes seca por falta de umidade suava que até escorria para entre os meus dedos e minhas pernas não paravam, e eu chegando cada vez mais próximo, que até já podia imaginar sua feição, uma mulher já de meia idade esquelética olhar profundo e indiferente centrados nos meus, talvez um pouco embaçados, como se a visão já não fosse mais a mesma e ainda jogando a cabeça de um ombro para o outro como um relógio velho de ponta cabeça, e as minhas malditas pernas não paravam.

Certeza que já estava pálido e de boca aberta, mas algum instinto ainda mantinha minhas pernas bem tremulas a caminhar, talvez porque se eu parasse certamente sairia correndo na direção contraria mesmo vendo em filmes que era quase impossível fugir de fantasmas.

Tentei balbuciar um “Quem ta ai” mais não saiu nada e quando eu estava chegando um pouco mais perto, meus olhos desiludidos pela distancia, notei que era apenas um galho de uma arvore que colocaram dentro um buraco que se abriu no asfalto, ainda com algumas folhagens, para que os motoristas não passassem por cima. E mais uma peça pregada em quem muito imagina.


JOTA “Caminhante”
CAMINHOS DA MADRUGADA,

É CEDO OU TARDE.

Tique-Taque. É, todos estão dizendo que o mundo ta de cabeça pra baixo.Tique todo mundo ta vendo, que a imagem refletida no espelho tem uns quilos a mais. Taque, o regime não adiantou nada, as pessoas ainda falam mais do comem. Ding, realmente os filhos são iguais aos pais, Dong, e ainda chamam de rebeldes quem luta por uma causa.
O relógio não para! Tique-Taque, mas ainda acreditam que a critica resolve alguma coisa, Tique, palavras ditas em um segundo, esquecidas antes de dar um minuto. Taque.
Você já não lembra que o mundo ta de cabeça pra baixo, Ding Já até disseram que as decisões são tomadas abaixo da cintura. Dong, Cuidado homem que gosta de transar de ladinho tem uma bola maior que a outra. Ding Dong Pior quem não transa nem de ladinho, fica criando leis pra que obrigam o instinto.
Palmas, Já sou obrigado a usar cinto de segurança, Tique, e daqui a pouco vão estar multando a família de suicidas. Taque, o governo é tão bonzinho não quer que eu morra sem pagar o imposto de renda.

Mais palmas. Em Brasília já é proibido jogar R.P.G. e quando eu for preso, Ding vão estar dizendo, -Eu matei três pessoas; - Eu fui pego roubando um carro; -E você o que fez; Dong –Vou dizer que tava jogando R.P.G.! Ding Dong E ainda falam que as cadeias estão superlotadas. Esperai pode guardar um lugar pra mim.

Tique-Taque E depois que descobriram os genes, até ressaca é genética.
E esse sino da Torre que não para! Ding Dong, dose badaladas, se não estou indo dormir, estou saindo pra balada.


JOTA"Olhando do Relogio"
A TORRE MAIS ALTA,

DAQUI UM MÊS

Ele entrou no bar e evitou olhar para as mesas onde grupos de jovens se reuniam, sentou na frente do balcão daqueles que ele sempre achou legal, mais nunca conseguia ficar muito tempo ali porque começava sempre a chegar amigos e amigas, e o balcão ficava sempre pequeno para todo mundo.

Pediu sua caipirinha de saque, como fazia há muitos anos atrás, muitos anos atrás, esse era o problema, “muitos” a sua filosofia de vida era viver a extremo mais nunca chegar ao vicio, como o cigarro, fumou dos dezesseis anos aos vinte e três, ele estaria mentindo se dissesse para alguém que não tinha sido um obstáculo para de fumar, mais era isso que ele adora, obstáculos, aos vinte já tinha parado de beber, o máximo que fazia era tomar aquela caipirinha de saque, até agora apenas nas comemorações especiais como no casamento dos seus amigos, e nossa quantos amigos já tinham se casado nesse ultimo ano.
A caipirinha deslizou pelo balcão até a sua mão, empurrada pelo barman, ele levou a boca e deu um gole, se lembrou do ultimo casamento onde todos estavam com as suas esposas e ele com uma mulher que tinha conhecido em um evento cultural há um mês, ela era linda, mas parecia irônico ele conhecê-la naquele evento, pois a ultima coisa que ela tinha é cultura. Deu um sorriso e tomou outro gole, às vezes tudo que procuramos esta num par de coxas.
Naquele dia seu amigo lhe falou “Aquele tempo velho já passou”, e quando ele se olhava no espelho tudo que via era um velho chegando. As lembranças, lembrou-se que o poeta, o que tinha se casado primeiro sempre falava “beber sem companhia e amar sem esperança”, e tomou outro gole, mas ele também foi o primeiro a se separar e logo em seguida se casar de novo, e assim por diante. Mas ele e aquele copo no balcão, realmente parecia que ele estava amando sem esperança, e não era isso que ele queria, afinal ele não estava amando e estava com esperança, olhou em volta e avistou uma linda mulher do outro lado do bar sentada com um casal, ela tinha o cabelo ruivo e pele clara, realmente o tipo de mulher que fazia o seu tipo. Pensou por alguns instantes que era coincidência, mas ele não acreditava nisso, viu um grupo de jovens sentados em uma mesa a alguns metros dela. Olhando e comentando, mas nenhum tinha coragem para chegar e oferecer-lhe um “Drink”, afinal pela cara dela estava odiando ficar ali segurando vela, mas isso era o bom da velhice, a experiência, ele era o único que podia salvá-la, lá estava o desafio, o obstáculo.

Esperou até seus olhos se cruzarem e ela sorriu, esse era o sinal se levantou e caminhou até a mesa, ofereceu uma bebida a ela, e ela aceitou, os dois se sentaram no bar e ele olhou e pensou: “-Que belo par de coxas”.Afinal tinha um casamento daqui um mês.


JOTA “Amante de caipirinha de saque”
PLATONICOS,

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